A Inteligência Emocional na Era da Inteligência Artificial.
A Inteligência Artificial (IA) está a alterar o nosso mercado de trabalho e a nossa Vida.
Assim como a mecanização durante a revolução industrial, tornou a força física humana menos necessária, também a revolução introduzida pelas tecnologias da informação veio colocar a nossa inteligência cognitiva e competências mais técnicas a rivalizar com as máquinas.
À medida que a IA e o Machine Learning se desenvolvem, um leque vasto de profissões intimamente relacionadas com a nossa capacidade de pensar, serão afetadas. Profissões em áreas que até há bem pouco tempo, não imaginaríamos sequer serem possíveis sem a intervenção humana, como é o caso da medicina ou do ensino. E é neste contexto que competências exclusivamente humanas, que decorrem da Inteligência Emocional, como a persuasão ou a empatia, se vão tornar completamente diferenciadoras.
O QUE A IA FAZ MELHOR QUE NÓS
O melhor é habituar-nos à ideia de que mais cedo ou mais tarde, a IA vai ultrapassar a capacidade humana em vários aspectos, pois na verdade há já um conjunto de coisas que as máquinas conseguem fazer melhor do que os seres humanos – por muito que isso nos custe a admitir.
O facto é que nenhum de nós hoje, se atreveria a competir com um computador quando o trabalho em mãos é a recolha e análise de dados, até porque nenhum humano tem a mesma capacidade de processamento, rapidez e precisão.
Além disso, as máquinas não se sentem cansadas, não precisam de fazer pausas para comer, nem se deixam afetar pelo stress.
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: AQUILO EM QUE A IA NÃO NOS PODE BATER
Este conceito foi introduzido nos anos 90, por iniciativa dos psicólogos John Mayer e Peter Salovey referindo-se à capacidade de reconhecer e identificar as nossas emoções, de saber geri-las e usar essa informação para guiar a nossa forma de pensar e de nos relacionarmos com os outros.
Num mundo em que as máquinas vão assumir cada vez mais funções, é precisamente a inteligência emocional que nos pode colocar em vantagem, sendo o mesmo sublinhado pelos autores do relatório do Fórum Economico Mundial, que apontam a inteligência emocional como uma das 10 competências que serão mais valorizadas pelos recrutadores.
A IA pode analisar vastos conjuntos de dados numa empresa assim como diagnosticar doenças complexas, mas ao contrário de um gestor ou médico nada sabe sobre liderança e negociação, ou sobre aquilo que é preciso para motivar ou inspirar pessoas.
Falar de liderança e inteligência emocional não é uma novidade… embora na realidade poucos saibam a razão da real importância da conjugação destes dois fatores.
Poucos sabem que falar de líderes com inteligência emocional não é só utilizar um bonito chavão, que fica bem em qualquer conversa sobre gestão de pessoas. Na realidade muito poucos iriam conseguir explicar que a inteligência emocional começa na autoconsciência (“conhece-te a ti mesmo”), e que isso significa ter conhecimento das próprias emoções, pontos fortes, fraquezas, necessidades e motivações. As pessoas com elevada autoconsciência não têm medo da crítica porque se conhecem ao ponto de não serem irrealistas sobre quem são. Ao contrário, as pessoas com baixa autoconsciência interpretam as críticas como ameaças ou sinal de fracasso.
É inegável que a maioria das vezes o mau ambiente que se vive dentro de uma organização é o reflexo de lideranças que não conseguem ter um autocontrole correto das suas emoções, o que se traduz na prática por comportamentos impulsivos que geram conflitos tantas vezes fáceis de evitar.
Por fim, outra das dimensões fundamentais da inteligência emocional na liderança é a empatia. A falta de elogios ou reconhecimento aos colaboradores são alguns dos traços mais visíveis dos líderes com baixa inteligência emocional.

Um falso líder, com baixo grau de inteligência emocional, inevitavelmente gera um clima de medo e ansiedade na sua equipa, promovendo uma carga emocional negativa, que rapidamente leva ao desgaste e desmotivação dos que trabalham com ele. É legítimo também questionarmo-nos sobre qual a razão do sucesso de alguns destes diretores dentro das empresas, e como afinal conseguem sobreviver na liderança de uma organização. Muitas vezes, o sucesso desta espécie deve-se ainda ao facto de terem equipas altamente qualificadas e tecnicamente brilhantes que carecem de poucas diretivas, e que de alguma maneira são autónomas e praticam a autogestão, o que leva a que as metas sejam cumpridas, e que aparentemente, a liderança mais dura tem efeitos benéficos.
Quase que poderia afirmar que é a sorte e o tempo que fazem este tipo de liderança permanecer: a sorte nos resultados, e o tempo até que este tipo de líder consiga fazer com que os seus colaboradores cheguem ao ponto de esgotamento, em que se sentem encurralados e sem vontade de permanecer nos seus postos de trabalho.

Mas em tempos de crise, como a que vivemos neste momento, esta capacidade de conseguir interessar-se pelas suas pessoas, sabendo gerir os seus estados emocionais, os sentimentos e necessidades, ao contrário das máquinas e da tecnologia – desenvolver as nossas competências emocionais, é a melhor forma de nos mantermos relevantes no mundo do trabalho. A boa noticia também, é que a Natureza já nos deu essa vantagem, basta saber aproveitá-la.
Alexandra Outeiro
HR Specialist
AB&C Hospitality Management and Operation
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