A sustentabilidade e o financiamento
Na procura de soluções de financiamento, temos acompanhado, desde há muito, a dicotomia entre a procura de uma fonte exclusiva de financiamento, que assegure a totalidade dos montantes necessários à prossecução de um projeto e, por outro lado, a lógica de excluir o financiamento bancário como fonte de financiamento Neste contexto, encontramos defensores dos dois extremos:
- Os que acham que os bancos não são parceiros de confiança e que o melhor caminho é não contrair dívida.
- Os que veem no crédito barato o caminho para o dinheiro fácil, desenhando consequentemente os seus projetos de forma hiper-alavancada.
Depois de vermos e cometermos os nossos próprios erros durante largos anos de contacto com projetos e bancos, eis aquilo em que acreditamos:
- Uma estrutura ótima de financiamento tem pelo menos metade de fundos próprios e não mais de metade em dívida. Pode haver variantes, se houver apoios de natureza pública ou europeia, mas a ideia de que fazer um projeto com 80% de dívida é uma boa decisão só pode ser verdadeira para especuladores ou para inconscientes. Pedir a qualquer outra fonte de financiamento que se comprometa mais com um projeto do que se compromete o seu promotor não é apenas errado, é pouco credível.
- Não é saudável depender de um só Banco. Ou o montante é muito pequeno, ou a lógica de distribuir o mal pelas aldeias é o melhor caminho. Na hora de obter fundos, bem como na hora de resolver problemas, não ter uma dependência excessiva de um só parceiro bancário é quase sempre o mais avisado.
- Negociar uma carência inicial é fundamental, mas apenas de capital. A qualquer momento, um projeto tem que conseguir pagar juros. Assim que possível deve conseguir devolver capital.
- O prazo de reembolso deve ter solicitado aos bancos em função daquilo que o projeto, numa base realista e prudente, depois de investimentos operacionais inadiáveis, conseguirá devolver.
O ideal é conversar uma vez com os bancos, com um Business Plan credível. Depois de contratualizar um financiamento, obter ajuda custa sempre mais e obriga-nos a mais concessões, quase sempre em posição negocial desfavorável.
Negociar com bancos não é para “artistas”. Nem para curiosos ou gente mediática. Tem que se reunir quem saiba. Eles (os bancos) agradecem. E no final, o promotor do projeto, também. E o motivo é simples:
É que alguns bancos, a quem tantos defeitos o comum mortal sempre aponta, são também uma das últimas instituições do universo a reconhecer o valor de uma coisa simples: a reputação feita de seriedade e trabalho árduo. E é dessa matéria que se faz a sustentabilidade.
Luís Barbosa
Financial Architect
ABC Sustainable Luxury Hospitality
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