“Be One of a Kind or Be Gone”
A maioria dos analistas nacionais e internacionais é unânime em reconhecer que os setores que orbitam em torno do Turismo (hotelaria, companhias aéreas, restauração) estão e estarão na linha da frente do choque pandémico. A percentagem de operadores fortemente impactada não anda longe dos 100% e não vale a pena ter sobre isto nenhuma atitude romântica: Vivamos com isto
São tempos reveladores:
Ainda assim, estes meses têm sido particularmente interessantes, pela diversidade acentuada de reações geradas. Há quem tenha aproveitado estes dois meses para se recentrar e ganhar forma para o relançamento. E que no espaço de um a dois anos poderá estar melhor do que estava em janeiro de 2020.
Há também quem preveja o fim do mundo, tipicamente com alguma agenda: ganhar palco, um palco que se estava a perder ou alertar para algum subsídio que tarda em chegar.
A este propósito, presenciei há dias a um empresário do setor a tentar obter informações sobre linhas de apoio à tesouraria e outros incentivos disponíveis na área do alojamento. O que me deixou perplexo não foi obviamente essa necessidade, evidente nos tempos que correm: Foi antes a visível ausência de rumo. Obter fundos para “continuar a correr na passadeira”. O objetivo de adiar o reembolso de incentivos a que nunca concorreu (!) ou antecipar o recebimento de despesas que não vai ter. Nem se tenta perceber de que estamos a falar, o objetivo é encaixar algo mais para vivermos mais um dia.
OS DOIS GRANDES TIPOS DE EMPRESAS:
Empresas zombies, há em todos os setores.
Vivem de subsídios, dívidas ou fundos de private equity que nunca lhes passou pela cabeça devolver e remunerar. Quando levantam fundos, parece que conquistaram um cliente. Vem-lhes um assomo de conforto e dever cumprido, em vez da intranquilidade de quem recebeu um voto de confiança e tem que corresponder. Até que um driver externo como o que vivemos revela que o inevitável se tornou inadiável.
Empresas “One of a Kind”, também aparecem.
Procuram estabelecer o que querem, com clareza. Dizem o que são e ao que vêm. Aprendem com os outros e melhoram sobre isso. Tentam fazer diferente. Novo. Com um conceito claro e um plano realista. Mas não é para todos. É necessário juntar a paixão pelo diferente e o “emotional detachment” para garantir um mínimo de realismo e credibilidade. Para estas empresas, chegou porventura o momento de se afirmarem e ganharem a escala. De cumprirem o seu destino.
Vivemos muitos anos com a possibilidade de adiar decisões, fazer coisas “mais ou menos” ou viver daquilo que não criamos. Estou sinceramente convencido de que esse tempo, o dos “procrastinadores”, está a chegar ao fim.
Foi por isso que acordei com esta ideia: “Be one of a kind, or be gone”.
Luís Barbosa
Management/Financial Advisor
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