Entrepreneurship “for real”
Vivemos o século das startups, relativamente às quais tenho mixed-feelings. O entrepreneur banalizou-se.
Por um lado, representa o potencial de renovação da economia, algo de imprescindível. Sou dono de uma startup e orgulho-me disso.
Por outro lado, a criação de novos negócios tem a meu ver demasiadas vezes erros e mitos que gostava de ver evitados, em nome da eficiência na distribuição de recursos na nossa sociedade e de uma gestão de expetativas menos ingénua e romântica e mais responsável e realista. Se isto é algo em que acredito em vários setores, naqueles que têm que renascer pós-COVID ainda mais.
Os Mitos Mais Comuns
Mito 1:
Chamar empresário a alguém que começa um negócio assente em dívida. Não compro essa ideia e vejo demasiados casos em que as pessoas só têm uma ideia de negócio e uma intenção de se endividarem.
Um empresário tem que investir recursos próprios. Pedir a outros que acreditem no seu projeto, quando ele próprio só cede tempo não é uma boa ideia e ninguém acredita nela. E como diria Mark Cuban: “If you start a business on debt, you are a moron. After a while, the only certainty you have is the debt”.
Mito 2:
Os custos fixos podem ser a primeira coisa a entrar. Quantas empresas começam por meter dinheiro em carros, escritórios e outras coisas que podem esperar, quando têm 0 de vendas e clientes?
É melhor começar por leads, clientes, propostas e parcerias. O único sítio onde custo vem antes de receita é o dicionário. Investimento? Com certeza, mas cuidado com aquilo a que chamamos investimento. Os custos evitáveis são mestres do disfarce. Por vezes, são um produto estéril do nosso ego. Outras vezes disfarçam-se de investimento.
Mito 3:
Não preciso de ter uma ideia diferente, basta imitar o que existe. Infelizmente a prática de quem acompanha empresas no terreno há 25 anos é a de que quem se limita a imitar está mais vulnerável a ciclos e conjunturas.
Se estamos num setor rentável, entram mais agentes económicos até que o mercado comece a ser menos rentável. Se estamos em baixo, o copycat sem propósito sofre primeiro. Tal como o incumbente que se aburguesou. O cliente não é distraído.
O meu maior desejo para este ano de 2021:
É ver o nosso Turismo reinventar-se, com menos promoção de projetos de massa e indiferenciados e mais aposta em projetos com propósito, com responsabilidade financeira e que criem diferenciação, emprego sustentável e real valor acrescentado na nossa oferta turística.
Talvez 2021 nos inspire:
O “2” é o número das parcerias. O “1” o dos novos começos.
É nessas ideias que acredito: a de uma parceria para um novo começo. Talvez seja esse o segredo para um novo ciclo mais sustentável. Com mais “fazer acontecer” e menos “conversa fiada”.
Luís Barbosa
Financial Architect
AB&C Hospitality
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