O Empresário e a Literacia Financeira, o Contabilista e quem lhe paga o Salário.
Tenho sido confrontado nos últimos 25 anos com uma conversa surda permanente entre empresários e as suas funções financeiras. Vale para imensos setores, no Turismo não é diferente, em muitos hotéis e restaurantes é tão verdade.
De um lado, vejo uma tendência para a desvalorização dos temas financeiros, das boas práticas financeiras em termos de gestão stocks, dívidas de clientes e relação com os bancos e estado. Uma gestão financeira apenas assente em tesouraria, tipicamente com pouco planeamento e muita retrospeção.
Por outro lado, vejo mares de gente em funções financeiras, que se limitam à contabilidade e ao compliance fiscal, que ergue muros entre essas funções e o negócio e que demasiadas vezes pensa que é o negócio que as deve servir e não o contrário.
O que me parece impressionante é que em pleno século XXI tantas pessoas que gerem negócios tenham tão pouca literacia dos fundamentals da função financeira. Que chamem Dep. Financeiro à Contabilidade. Que não se entenda a bondade de um controlo de gestão prospetivo e de um mínimo de planeamento. E que achem que essa coisa dos “Business Plans” só serve para “sacar umas massas” a bancos ou sistemas de incentivos.
Igualmente confrangedor é que tantas pessoas ligadas a funções financeiras atuem de forma maquinal, despreocupada com o valor acionista e com a sustentabilidade de quem lhes paga o salário.
No meio deste diálogo de surdos, vejo duas minorias:
• A dos empreendedores conscientes e que sabem pedir ajuda quando estão
“fora de pé”. Tipicamente ouvem bastante mais do que falam.
• A dos profissionais de base financeira, que entendem as suas funções
como um meio e não como um fim. Um meio para o negócio ser
transparente, sustentável e rentável.
Convencido que estou de quão fora de série é o nosso País e a nossa gente, por vezes paro para pensar quão longe chegaremos se isto um dia for diferente.
Quero acreditar (wishful thinking, dirão os pessimistas) que esta espécie de Terramoto de 1755 em que todos mergulhámos possa ser também uma oportunidade para fazermos emergir melhores líderes, aproximar as pessoas e as funções dentro das organizações e nos tornarmos todos decisores mais conscientes e equilibrados. Com as finanças e o negócio a dialogar continuamente e de forma construtiva.
Escolho Acreditar e fazer parte desta Criação de Novos Paradigmas!
Luís Barbosa
Financial Architect
AB&C Hospitality
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